Giro da Itália 2016: Um pouco de história

Imagine uma competição de 3 semanas com os mais belos visuais, desde as regiões produtoras dos famosos e premiados vinhos italianos, passando pelas paisagens de tirar o fôlego nos Alpes, até as lindas praias do mediterrâneo que trazem milhões de turistas para provar das comidas e a cultura italiana. Imagine também alguns dos ciclistas mais bem treinados, equipes com estrutura digna de fórmula 1 e milhões de espectadores espalhados por todas as ruas, calçadas, subindo em árvores, e em etapas de montanha os mais fanáticos acampam para assistir do melhor ângulo o esforço e a garra dos atletas. Pegue tudo isso, acrescente mais de 100 anos de tradição e coloque pitadas generosas de raça, persistência e tecnologia. Está feito o Giro d’Itália 2016, uma das maiores competições da mundo.

Como é feito todo ano, as etapas são organizadas de modo que atletas de todas as especialidades possam tentar trazer algum resultado, dividindo as jornadas em planas, montanhosas, contra-relógios individuais (ano passado começou com um crono por equipes) e etapas mistas, em que no Giro, devido ao alto ritmo, são aquelas em que podem haver cortes no pelotão e assim grandes fugas podem surgir.

O ciclismo possui essa particularidade, cada atleta possui características distintas, existem escaladores, velocistas, passistas, contra-rejogistas e aqueles que tem potência para atacar e manter um alto ritmo por médias distâncias sem serem alcançados, conhecidos como “punchers” (do francês, “perfuradores”), entre outros.

Este ano haverá uma etapa de crono-escalada, a 15a etapa, na qual os atletas terão de enfrentar uma subida de quase 10km e 780m de ascensão, o equivalente a subir a serra do mar entre Cubatão e São Paulo, mas em uma subida mais inclinada, com uma enorme mudança na paisagem entre a largada e a chegada. Esta etapa deve promover grandes mudanças na geral e aqueles que não tiverem um dia bom podem dar adeus à vitória e focar em outros resultados.

O Giro é conhecido pelas etapas brutais na última semana, este ano as etapas 19 e 20 serão as que decidirão a prova, de modo que todos os esforços realizados desde a primeira semana custarão caro nestas duas épicas e brutais etapas.

Cima Coppi – o ponto mais alto do Giro: 2744m

Cima Coppi é o nome dado ao ponto mais alto durante a disputa de todas as etapas do Giro, uma homenagem ao grande escalador Italiano Fausto Coppi (1919-1960) que venceu 5x o Giro e 3x a camisa de montanha, também venceu o Tour de France duas vezes e o campeonato mundial em 1953, entre outras conquistas em um currículo invejável. O atleta teve um destino infeliz, ao participar de uma prova comemorativa no país africano de Burkina Fasso, contraiu malária e, após as complicações da doença, veio a falecer precocemente aos 40 anos de idade, deixando órfãos milhões de torcedores e a família, apaixonada por ciclismo tanto quanto ele.

Este ano o Cima Coppi será o Colle dell’Agnello, durante a disputa da 19a etapa, que será um daqueles dias em que até os melhores ciclistas do mundo chegarão à exaustão. Quase 3 semanas de esforço acumulado, com várias e duríssimas subidas, farão com que qualquer coisa possa acontecer,  já que não haverão grande número de gregários* com tanta força para ajudar seus líderes (todos estarão cansados!), mas o atual costume de levar atletas para campos de treinamento em altitude (amplamente utilizados pelas maiores equipes do WorldTour) faz grande diferença na recuperação dos atletas na terceira semana das grandes voltas.

Colle dell’Agnello

Recente Histórico: Ano passado o Col de la Finestre (2178m) foi o Cima Coppi, com prêmio de montanha ganho por Mikel Landa, que naquela ocasião trabalhava para o líder da Astana Fábio Aru. A etapa ficou famosa pois naquela subida cruel, inclinada e coberta com cascalho (sim, bike de estrada na terra!) o líder Alberto Contador (Tinkoff-SaxoBank) literalmente quebrou, e ficou sobrado sozinho na estrada, isso aconteceu após um feroz ataque de Landa. Ao final, Contador que possuía grande distância na geral, conseguiu recuperar as forças e manter a camisa e finalmente ganhar o Giro pela terceira vez**.

Em 2014, o prêmio Cima Coppi foi concedido no belíssimo Passo de Stelvio (2754m), vencido por Dario Cataldo, na época atleta da OmegaPharma-QuickStep e que hoje corre pela Astana (será gregário de Fábio Aru no Tour de France).

Leia mais sobre os favoritos do Giro clicando aqui.

*Gregário: Ciclista que sacrifica sua performance individual para ajudar o líder de sua equipe. Ele pode tanto forçar o ritmo de uma prova,  para desgastar fisicamente os adversários, como trabalhar para a equipe, distribuindo caramanholas cheias aos companheiros ou  esperando algum que tenha se atrasado para ajudá-lo a voltar ao pelotão.
** Contador venceu pela terceira vez o Giro em 2015, porém, oficialmente, foi o segundo já que ele perdeu o título de 2011 por conta da suspensão por uso da substância “Clenbuterol”.

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