Olimpíadas: Avermaet surpreende e vence a prova de estrada

Greg Van Avermaet (Bélgica), ganhou a medalha de ouro da corrida de estrada dos Jogos Olímpicos do Rio. Jakob Fuglsang (Dinamarca) foi o segundo e Rafal Majka (Polônia) o terceiro.

Os 3 atletas só se juntaram a menos de dois quilômetros para o final, quando Majka parecia encaminhar a sua vitória solo depois de ver Vincenzo Nibali (Itália) e Sergio Henao (Colômbia) caírem na sua frente na técnica descida final que levava aos últimos quilômetros planos.

Majka, apesar de todo esforço para não ser alcançado pelo grupo perseguidor, viu a chegada de Avermaet e Fuglsang no final e com o desgaste acabou tendo que se contentar com o bronze.

A prova, apesar das muitas subidas, não foi capaz de tirar da disputa alguns ciclistas, como Van Avermaet, que não são escaladores puros.  Com subida não tão longas, mas muito inclinadas, era necessário força, além de subir bem. Também foi necessário sorte e muita perícia para descer e passar pelo trecho de paralelepípedo, do primeiro trecho da prova.

Avermaet viu suas possibilidades aumentarem quando saltou em um grupo que tinha Geraint Thomas, Sergio Henao, Fuglsang e vários outros pilotos na penúltima volta, do circuito mais duro da prova.

Quando Nibali fez seu ataque na subida final e se juntaram a ele Henao e Majka parecia que as medalhas estavam definidas, mas o italiano e o colombiano acabaram se perdendo em uma das curvas da última descida, deixando Majka na liderança, mas com 10 quilômetros para o final, sozinho, parecia ser uma tarefa difícil.

O polonês não tinha outra opção que não apertar os pedais e, de preferência, não olhar pra trás.  Ele assim fez, mas depois de conseguirem largar o grupo em que estavam para trás, Van Avermaet e Fuglsang se juntaram a ele e aí foi aguardar para ver se o belga faria valer a sua melhor condição de velocista entre os três. Depois de mais de seis horas de corrida, finalmente, algo previsível aconteceu e o belga ganhou o ouro.

Como a prova se desenvolveu

A prova de estrada do Jogos Olímpicos do Rio foi uma das mais difíceis da história dos Jogos Olímpicos. Um total de 144 pilotos de 61 nações largaram para 241,5 quilômetros começando e terminando no Forte de Copacabana. O pelotão iniciou a prova pontualmente às 9h da manhã e andaram 38 quilômetros ao longo do lindo litoral carioca até o primeiro dos dois circuitos que faziam parte do percurso.

O primeiro circuito, chamado de Grumari, era composto por subidas curtas, porém duras e uma seção de paralelepípedos muito difícil. Eles fizeram esse circuito 4 vezes e depois partiram para o circuito mais desafiador no qual tudo seria decidido. Esse circuito teve que ser feito 3 vezes e em cada passagem uma dura subida de 8,9 quilômetros, seguida de uma descida muito rápida e técnica.

Terminando esse segundo circuito eles partiram para os 12 quilômetros finais planos até a chegada.

Logo depois da largada uma fuga se formou quase que naturalmente, sem muito esforço. Eram seis pilotos: Simon Geschke (Alemanha), Michal Kwiatkowski (Polônia), Svan Erik Bystrom (Noruega), Michael Albasini (Suíça), Jarlinson Pantano (Colômbia) e Pavel Kochetkov (Rússia).

Os seis se viram juntos e começaram a revezar, sem fazer grandes esforços, afinal eram muito quilômetros e muita subida pela rente, mas o pelotão quase parou, andavam conversando, parecia um passeio pela orla carioca. Logo a fuga estava a sete minutos e nesse momento o pelotão começou a andar.

A cada passagem pelos paralelepípedos vários atletas tinham problemas. Garrafas de água voavam, correntes pulavam para fora obrigando os ciclistas a pararem para recolocar, pilotos cairam e outros acabaram saindo para parte de terra ao lado da estrada.

O seis líderes entraram na última das 4 voltas do circuito Grumari com um intervalo de cinco minutos que foi caindo durante a última volta.

O pelotão andava rápido e os pilotos começavam a sentir o calor carioca, além disso os paralelos continuava a fazer vítimas, como Richie Porte (Austrália) que teve azar em duas voltas com a queda da corrente de sua bicicleta.

A Inglaterra era a principal interessada em diminuir a diferença para a fuga e Stannard trabalhava forte para colocar Froome em melhores condições. O pelotão se esfarelava e vários grupos iam se formando.

Froome teve problemas e acabou trocando de bicicleta, Thomas o esperou e recolocou Froome de volta ao seleto grupo que ainda perseguia os líderes.

No término do circuito Grumari a Inglaterra passou a ter ajuda de outras equipes para acabar de vez com a fuga. Itália e Espanha começaram a trabalhar também mas a diferença entrando no último circuito era de 2 minutos.

Vista Chinesa

Ao entrar no último circuito a fuga teve baixas e iniciou o trecho mais difícil com apenas Geschke, Kwiatkowski, Pantano e Kochetkov. O campeão do mundo de 2015, o polonês Kwiatkowski, estava bem e acabou apertando o passo na parte final da subida. Pantano sobrou e logo foi seguindo por Geschke.

No pelotão, Steve Cummings, que já estava trabalhando no grupo perseguidor há algum tempo abriu passagem e permitiu que a equipe italiana assumisse o ritmo e fizesse a diferença para a, agora, dupla líder, Kwiatkowski e Kochetkov, cair para 30 segundos .

Os primeiros quilômetros da subida tiveram muita ação. Damiano Caruso (Itália), Van Avermaet  e Thomas fizeram um movimento para sair do grupo, logo Rein Taaramae (Estónia) conseguiu se juntar aos três, assim como Sergio Henao (Colômbia). No grupo, o time espanhol, que perdeu o movimento e não tinha nenhum atleta no grupo que partiu, assumiu o ritmo. Faltavam 60 quilômetros.

Jonathan Castroviejo (Espanha) assumiu a ponta e com 48 quilômetros restantes a diferença entre o grupo e os líderes da prova era de 40 segundos.

Na segunda subida da Vista Chinesa, Kwiatkowski assumiu a liderança da prova solo, mas com o grupo de Thomas muito perto. Logo depois foi alcançado, mas o grupo não acelerou e ele continuou junto.

A descida começou a fazer vítimas. Porte e Nelson Oliveira foram alguns dos que passaram reto nas curvas.

Na descida, Aru e Nibali, acabaram se beneficiando por estarem na frente do pelotão e, após uma queda, apertaram e se destaram do grupo em que estavam os espanhóis. Junto com eles foram alguns pilotos, entre eles Rafal Majka, Adam Yates e Jakob Fuglsang. Eles acabaram alcançando os líderes Caruso, Henao, Kwiatkowski, Thomas, Van Avermaet e Zeits e tinham 30 segundos de vantagem sobre o grupo que vinha atrás e que tinha, além dos espanhóis,  os ingleses Froome, Adam Yates e Ian Stannard. O ritmo era tal nesse momento da prova que Rigoberto Uran acabou abandonado. 

Kwiatkowski, que parecia não ter fim, chegou a colocar na ponta do grupo, puxando forte, na tentativa de ajudar Majka.

Os espanhóis Valverde e Purito e também o Inglês Froome tentaram saltar no grupo da frente, mas não conseguiram. Valverde dava indicação que não estava bem e, após serem alcançados pelo grupo que vinha atrás, assumiu a perseguição ao grupo em que estavam os italianos com a ajuda de Cancellara que, por incrível que parece, acabara voltando ao grupo, após sobrar na subida.

O grupo dos italianos tinha 50 segundos com 29 quilômetros para o final.

Itália mandando na prova

Com Aru, Caruso e Nibali no grupo da frente coube aos italianos definir o ritmo e fizeram isso.

Cancellara, no grupo perseguidor, assumiu a ponta e não saiu mais, até a entrada da subida final, quando a diferença era de 30 segundos.

Na frente após Caruso sair da frente do grupo, Aru apertou com Nibali em sua roda iniciando a subida.

No grupo perseguidor, Valverde assumia de vez seu papel para ajudar Purito e aperta lançando Purito e Louis Meintjes em busca do grupo da frente.

Froome tentou saltar nesse dois, mas não conseguiu.

O final

Na subida final, Nibali atacou e apenas Majka e Henao foram capazes de seguir o italiano.

Tudo parecia decidido quando os três chegaram juntos ao final da subida e começaram a descer, mas a descida que se seguiu transformou a prova.

Joaquim Rodríguez (Espanha) e Louis Meintjes (Espanha) acabaram se juntando ao grupo perseguidor e, quando estavam descendo, foram surpreendidos com Nibali e Henao caídos ao lado da estrada. Majka seguia sozinho e suas chances de ganhar a medalha de ouro eram grandes, mesmo ainda faltando 10 km para o final, porque o grupo que o perseguia começou a exitar em trabalhar em conjunto. Alguns ataques no grupo aconteceram quando Van Avermaet atacou, sendo perseguido por Fuglsang.

Os dois começaram a trabalhar juntos na tentativa de abrir tempo dos outros que estavam no grupo, quando eles começaram ver Majka. Eles gradualmente foram chegando até, finalmente, alcançarem o polonês com pouco mais de 1 quilômetro para o final. Depois disso, Avermaet se posicionou atrás atrás da bicicleta de Fuglsang e aí foi aguardar a aproximação da linha de chegada para ver o que aconteceria. Com menos de 300 metros Avermaet partiu para a vitória. Fuglsang tentou ir, mas foi incapaz de igualar a velocidade de Avermaet. Majka não teve condições de partir e ficou com o bronze.

Resultados

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