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Strade Bianche: campeão e vice correram sem discos e com grupo mecânico!

O belga Wout Van Aert (Jumbo-Visma) escapou para a vitória na Strade Bianche (Bettini).

Contrariando o que muitos vendedores de bicicletas poderiam imaginar, os dois primeiros colocados da duríssima Strade Bianche fizeram as mesmas escolhas quanto a freios e grupo: eles correram com freios no aro e grupo mecânico!

A Strade Bianche acontece na região de Siena, na Itália, percorrendo estradas de terra batida branca e com muitas montanhas e MUITAS CURVAS! Faria mais sentido correr a prova com bicicletas do tipo “gravel”, mas o trajeto possibilita o uso de bikes de estrada comuns com algumas adaptações como a calibragem correta dos pneus e um set up ajustado para ter mais controle, com a frente da bike não tão rebaixada.

Saiba como foi a prova aqui: Das cãibras para a glória: como Wout Van Aert finalmente venceu a Strade Bianche!

 

Quando os profissionais podem escolher, eles escolhem freios no aro!

A frase acima tem se tornado um mantra, por mais chocante que ela possa parecer hoje. Alguns ciclistas se negaram a competir com bikes de estrada com freio a disco. Um deles foi Alejandro Valverde, que hoje usa freio a disco, assim como toda a equipe Movistar. O fato é que não há escolha. Mas quando é possível escolher, os profissionais usam freios “comuns”.

A discussão sobre o assunto começa quando vemos que, diferente do que houve no MTB, no ciclismo de estrada as bikes não mudaram drasticamente na última década. Se pegarmos as provas de MTB na Olimpíada de 2012, veremos ciclistas com bikes 26, 27,5 e 29 polegadas, e hoje, claramente vemos que as 29 levam vantagens em alguns pontos, o que levou a TODOS os ciclistas do MTB a trocarem de bike!

Todavia, na estrada a alteração não foi tão drástica. O que não é tão interessante economicamente. O tamanho da roda foi mantido, e hoje empurrados “guela abaixo” dos ciclistas: freios a disco, grupos eletrônicos e, mais recentemente, aros mais largos.

Concordo com os aros mais largos pela questão aerodinâmica e pela segurança ao se utilizar pneus mais largos (28 ou 30mm). Entretanto, o uso dos discos ainda é MUITO QUESTIONÁVEL!

O italiano Davide Formollo (UAE) consolidou sua atuação com mais um pódio em uma grande clássica. Ele foi vice-campeão hoje com sua Colnago!

Sem contar a alteração estrutural (no quadro e nas rodas) que o uso dos freios a disco requerem, há um inquestionável aumento no peso das bicicletas. Em bikes de competição é comum um atleta buscar uma bike com menos de 7kg, mas com freios a disco essa faixa de peso é quase impossível de ser atingida.

Além dos discos, há uma outra moda que é o uso de grupos eletrônicos: mais caros, mais pesados e com uma manutenção delicada. Acredito que todos que andam em grandes pelotões já presenciaram alguém que teve seu grupo eletrônico travar por falta de bateria, é trágico!

Estamos falando aqui de equipes multimilionárias que podem escolher o que é melhor para seus atletas. O próprio Van Aert já é um ciclista habituado a usar bikes de ciclocross (onde ele fez uma bela carreira antes de ir para a estrada) e ele conhece o que é bom pra ele, independente do terreno.

Percebemos, afinal, que se o uso de grupos eletrônicos e freios a disco fosse superior em performance, TODOS OS ATLETAS ESTARIAM USANDO NO PELOTÃO! Mas não é isso o que vemos até o presente momento.

Imagem de hoje na Route d’Occitaine: o campeão do Tour de France, Egan Bernal, da equipe mais rica do mundo, a INEOS, continua correndo com freio no aro, assim como toda a equipe!

A questão que fica: será que você precisa de um freio a disco ou de um grupo eletrônico em sua bike de estrada?

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