Mark Cavendish sobre como bater o recorde de vitórias no Tour: “Tenho que fazer o meu trabalho”

É claro que o Tour de France é principalmente sobre a camisa amarela, mas a prova também está cheia de histórias secundárias. Uma, sem dúvida alguma, é histórica. Será que Mark Cavendish pode se tornar o recordista, o único ciclista, com 35 vitórias em etapas do Tour? O britânico tenta não pensar muito nisso, mas este será o último Tour de France de Mark Cavendish, portanto a última oportunidade de, após 13 participações, se isolar como o grande recordista de vitórias de etapa no Tour. Atualmente ele tem 34 vitórias, já é recordista, porém junto a ele está, nada mais, nada menos que a lenda belga Eddy Merckx.

Cavendish é uma bomba emocional, mas não haverá espaço para sentimentos, para conquistar a vitória consagradora terá que trabalhar muito.

“Pensei nisso, mas infelizmente não consigo me emocionar. Ainda tenho um trabalho a fazer aqui”, disse ontem o britânico de 38 anos.

“Eu sei que vou me arrepender por não viver e aproveitar este momento. Mas você não pode descrever o Tour. Ele dá a você os mais diversos sentimentos. É o meu último Tour, mas tudo continua o mesmo. Eu tenho uma tarefa a concluir.”

“Crescemos como equipe”

No Giro, Cavendish teve que esperar até o último dia para finalmente vencer. Foi a sua 54ª vitória na etapa em um grande tour.

A sua 55ª seria um marco, mas, na Astana, o trem de embalada não está nem perto de estar entre os melhores.

“Em todas as equipes, velocistas ou não, você tem que se adaptar. Astana não tem tradição, mas isso não significa que não haja recursos para uma grande saída. Só leva tempo para praticar isso.”

Com a chegada de Cavendish, a equipe contratou o neerlandês Cees Bol para ser seu principal embalador, porém eles tiveram pouco tempo juntos nas pistas durante o ano. Mesmo assim, os treinamentos devem estar intensos já que, logo após o Giro, pensando na evolução do trem de embalada, a equipe contratou Mark Renshaw, ex-profissional que foi o braço direito de Cavendish por muitos anos, para ser consultor de sprint e liderança.

“Crescemos como equipe. Quer você ganhe ou não, se você vê essas melhorias, isso também conta como uma vitória. E tenho observado isso muitas vezes. Portanto, estou satisfeito.”

A Wilier preparou uma bicicleta estilizada para última participação de Cavendish no Tour

Mas sobre o que significaria o número 35 no Tour, Cavendish permaneceu indeciso.

“Sinceramente: não sei. Só estou tentando. Quem ganha uma etapa fica feliz. Se eu ganhar mais uma, ficarei ainda mais.”

“Se a pressão é menor depois da minha vitória no Giro? De quem vem essa pressão? Eu sempre coloco em mim.”

“Este é o Tour, certo? Sei muito bem como é difícil vencer aqui. Tenho que me manter humilde e dar a esta corrida o respeito ela merece.”

“Eu dei a minha vida correndo aqui e o Tour me deu a vida que eu sempre sonhei.”

Cavendish com companheiros de time na apresentação do Tour de France 2023.

A Astana não tem tradição, mas isso não significa que não haja possibilidades. Estamos praticando.

Mark Cavendish