Depois de vencer todas as voltas que participou em 2020, Remco Evenepoel pode, no próximo sábado, escrever um dos melhores capítulos de sua curta história. Ele participará da Il Lombardia, sua primeira clássica monumento e ele tem apenas um objetivo: vencer!
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O belga, que tem apenas 20 anos, se profissionalizou ano passado com um contrato de 5 anos com a Deceuninck – Quick Step. Em 2019 teve um ano difícil, apesar de deixar claro que seria questão de tempo para conseguir mostrar todo seu potencial na categoria mais alta do ciclismo mundial.
E foi o que aconteceu, já no final do ano passado conquistou o segundo lugar no mundial elite de contra-relógio, ficando atrás de Rohan Dennis, um especialista na modalidade e que havia feito uma preparação especial para essa prova.
Com todo cuidado que um ciclista nessa idade e com tanto potencial merece, a equipe foi colocando-o aos poucos em contato com maiores desafios e em cada um deles ele foi provando ser um jovem especial, com a qualidade e a experiência que poucos ciclistas na história apresentam com essa idade.
A cada suspeita sobre se ele seria capaz de algo ele provou que sim, era capaz. Em 2020 ele já venceu alguns dos melhores ciclistas do mundo no contra-relógio, na alta montanha, com ataques de longa distância, deixando claro que o melhor ainda está por vir.
E sábado será mais um desses dias onde Evenepoel poderá provar que, com apenas 20 anos, ele já é um dos melhores ciclistas do pelotão.
Saiba mais:
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Entrevista
A mídia holandês wielerflits o entrevistou no início da semana e falou um pouco sobre a prova. Veja um pouco do que foi dito:
Você conhece o percurso, Remco. O que você acha?
Remco Evenepoel: “Esta prova é perfeita para mim. Mais difícil do que a Clásica San Sebastián (que ele venceu ano passado). O final em particular é extremamente difícil, especialmente os últimos 18 quilômetros. Mas na verdade começa em Madonna del Ghisallo, são oito quilômetros de escalada com um pouco de declive no meio. A partir de então, não é mais plano.”
Mas não termina subindo…
Remco Evenepoel: “É verdade, de San Fermo desce até o final. Mas então já estará decidido. Penso que, idealmente, devo ter três companheiros de equipe comigo no topo do Muro di Sormano, a cinquenta quilômetros da chegada. Então ainda podemos trabalhar até os quilômetros finais onde os favoritos precisam decidir entre si.”
Quantas vezes você já pensou sobre os quilômetros finais?
Remco Evenepoel: “Na cabeça cem vezes! Na verdade, uma vez, ontem. E esta tarde uma segunda vez. Agora conheço as curvas, sei como as subidas são difíceis… Isso é importante em uma corrida de um dia. É tudo ou nada. Você pode corrigir algo em uma corrida por etapas, mas não em uma clássica. Nunca estive tão bem preparado para uma prova como estou.”
Isso pode ser comparado à Clásica San Sebastián que você ganhou no ano passado?
Remco Evenepoel: “Absolutamente não! Lá, Julian Alaphilippe era o homem da equipe. Enric Mas e eu éramos o ‘plano B’. Eu queria ter um bom desempenho, mas o resultado foi um tanto acidental. Sábado será diferente. Este é meu primeiro pico de forma e quero vencer. Essa é a maior diferença.”
“Os companheiros também trabalharão para isso, aliás, vi no Piemonte, na quarta-feira, que eles também estão prontos. Eu tenho fé neles e eles em mim. Acho que essa é a chave para o sucesso.”
O que torna esta competição tão especial para você?
Remco Evenepoel: “É o meu primeiro monumento e juntamente com Liège-Bastogne-Liège, é a minha corrida de um dia favorita. Eu vi muito essa prova pela TV, mas depois que conheci o percurso, fiquei ainda mais entusiasmado. Isso realmente combina comigo: é uma prova difícil com quase nenhum tempo para recuperação nas últimas três horas.”
Você pode se tornar o mais jovem vencedor do pós-guerra desde Jean-Pierre Monseré em 1969. Isso é uma motivação extra?
Remco Evenepoel: “Eu li isso no jornal, mas não é de forma alguma uma obsessão, apesar de não negar que gosto disso, sim. Aparentemente, posso me tornar o mais jovem vencedor em várias provas. É isso que tenho na cabeça e com certeza me dá um impulso extra ”.
Quem você vê como os maiores concorrentes?
Remco Evenepoel: “Ainda não vi a lista, mas é claro que estou pensando em Vincenzo Nibali. Ele conhece o percurso como a palma da mão e também tem experiência. Ele conhece todos os pontos perigosos. E seu companheiro de equipe Mollema venceu no ano passado, então ele também é um dos favoritos. Mas a carta da Trek é o Nibali, mas tem o Fuglsang também. Vários caras estarão na disputa e serão favoritos, ainda tenho que verificar a lista inicial.”
Alguns favoritos estarão no Critérium du Dauphiné. Infelizmente?
Remco Evenepoel: “Sim. Sempre gosto mais quando os melhores estão na disputa, mas isso é simplesmente o resultado do calendário redesenhado. No final poderá ter uma influência tática. Normalmente você pode estar no final com quinze. Agora com cinco. Essa pode ser a principal diferença. Mas você tem que se esforçar muito para vencer de qualquer forma”
Voltemos ao Tour da Polônia. O que você aprendeu lá e que leva para o sábado?
Remco Evenepoel: “Eu me convenci de que também sou forte nas escaladas explosivas mais curtas. Em esforços de dez minutos, comparáveis a Lombardia e Liège-Bastogne-Liège. E recebi a confirmação com os dados pós prova, é claro. ”
Quando perguntamos sobre favoritos, estamos ouvimos apenas um nome.
Remco Evenepoel: “(Risos) Minha própria culpa, certo? Resultado das minhas conquistas nas últimas semanas. Eu esperava estar na minha melhor forma durante esse período e consegui. Se você quer andar bem em uma clássica de mais de seis horas você tem que estar em muito boa forma. Foi um ótimo trabalho, junto com minha equipe e meus treinadores.”
Você não parece se incomodar com a pressão…
Remco Evenepoel: “Eu acho que essa é a minha personalidade. Naturalmente eu não sinto muita pressão. Embora eu faça pressão sobre eu mesmo. Amo desafios, assim como adoro trabalhar por um objetivo. Se tenho uma meta, quero estar cem por cento pronto.”
“Mas tento sentir o mínimo de pressão externa possível e a equipa também me ajuda. O nervosismo saudável está presente. Especialmente para meu primeiro monumento. Mas só trás energia positiva. Além disso, você se acostuma com isso. Eu também era o favorito no Campeonato Mundial Júnior. Então acalmou um pouco, mas agora acontece de novo. Não é que eu goste dessas manchetes, mas isso motiva.”
As conquistas de Wout van Aert também motivam você?
Remco Evenepoel: “Claro, quando você vê como ele está vencendo, com que força ele faz essas corridas, é impressionante. E o sprint dele é uma vantagem. Aquele ataque ontem no Crietérium Dauphine, assim como sua vitória, domingo, em San Remo. Eu só posso me orgulhar de tê-lo como conterrâneo. É excelente para o ciclismo belga.”
Pergunta final. O que significou para você ver Fabio Jakobsen embarcar no avião sozinho?
Remco Evenepoel: “Ahh, ótimo! Essa notícia foi enviada rapidamente para nós. Ele é um urso forte. Isso também tem um impacto sobre nós, não dá para descrever. Na noite seguinte ao acidente, Dries Devenyns (colega de quarto de Evenepoel) e eu dormimos no máximo duas horas. Você deita na cama, fecha os olhos, mas a cada dez minutos você abre novamente com aquela imagem na retina.”
“No meu caso não a imagem da queda, porque eu estava mais pra trás, mas do caos. Eu via tudo voando novamente. É um alívio ele estar bem agora.”
Entrevista original: https://www.wielerflits.nl/nieuws/remco-evenepoel-nog-nooit-wedstrijd-zo-goed-voorbereid-als-ronde-van-lombardije/
